Sob a curadoria de Arthur Jorge Lima e Thais Domingues, os artistas Anália Moraes, André Mendes, Felix Blume, Fernanda Pompermayer, Gabriella Garcia, Miguel Thomé e Ottavia Delfanti apresentam “Volátil”, uma coletiva que abre em 20 de outubro no Edifício Espaço Alto, no Centro da capital paulista. Inspirada na fluidez e na mutabilidade no mundo contemporâneo, de Zygmunt Bauman, a exposição explora a natureza efêmera do tempo e da vida. Cerâmicas, óleo e acrílica sobre tela, arte sonora e obras em tecido e em resina, compõem a mostra em cartaz até 18 de novembro.
“As fotografias, que capturam momentos estáticos, servem como catalisadores para o registro de obras que abordam a mutabilidade e o equilíbrio por meio do caos, seja por esculturas, pinturas ou arte sonora. Os artistas reinterpretam e observam o tempo de maneira a criar uma perspectiva líquida, revelando as fissuras temporais entre o estático e o mutável. A exposição desafia as fronteiras entre o sólido e o líquido, o físico e o psíquico, explorando a relação entre a natureza e a humanidade. Nesse processo, ela destaca a beleza do movimento e a fluidez das transformações, refletindo a era da instantaneidade e a necessidade de aceitar a mutabilidade como parte natural do ciclo da vida”, explica a curadora Thais.
Felix Blume assina “Rumores do mar”, uma arte sonora composta pelo som de centenas de bambus, geralmente usados na Tailândia como paredões para retardar a erosão costeira, com uma flauta no topo. Anália Moraes criou “Dilúvio”, uma escultura em cerâmica com vidro e rede de pesca trançada manualmente, em que traz o transbordamento como ruptura em que há uma abertura erótica, contínua. Também em cerâmica, mas esmaltada com vidro e madrepérola, está a obra da série “Escudo Cristalino”, de Fernanda Pompermayer, em que o paralelo entre a observação tanto na natureza, quanto na humanidade, se faz presente na obra que revela uma perspectiva diferente a cada ângulo pelo qual é observada, inclusive em seu interior.
A obra inédita de Miguel Thomé é feita a partir fotografias documentais autorais na qual o artista ressignifica a imagem através da unificação do ambiente com o corpo. Utilizando materiais valorizados pelo clero como demonstração de poder, Gabriella Garcia recria em “Some Paridise” gestos de devoção histórica com inteligência artificial e abre espaço para a reflexão sobre o limite da imagem como ícone, sobre o conceito de devoção e poder na contemporaneidade.
“Gruta”, um óleo sobre tela de André Mendes, pontua a criação de um corpo com diversas interpretações que transcende a matéria, criando uma reflexão sobre os limites entre o espaço e o corpo e sobre a linearidade do tempo. E, para finalizar, “Mergulho”, de Ottavia Delfanti, retrata a imprevisibilidade de como a imagem reage em materiais fluídos que se solidificam, seja em resina ou látex, movimenta a prática até que algum trabalho tome forma.
Espaço Alto – Edifício Armando Lara (1916): Rua Libero Badaró 336, Centro, São Paulo.