
A vida de Virgínia Lane (1920-2014) foi marcada por uma série de feitos e histórias que até hoje reverberam no imaginário coletivo. Artista pioneira, começou a carreira como cantora ainda adolescente nos anos 1930, atuou no Cassino da Urca, trabalhou e foi amiga de personalidades como Carmen Miranda, Oscarito, Walter Pinto e Grande Otelo. Teve uma intensa carreira cinematográfica e virou um dos maiores ícones do teatro de revista brasileiro, ao receber o título de “A Vedete do Brasil” pelas mãos de Getúlio Vargas, com quem afirmava ter mantido um relacionamento por mais de dez anos.
Absorvendo toda essa atmosfera, a comédia musical “A Vedete do Brasil” chega a São Paulo para uma temporada no Teatro Faap de 8 de março a 28 de abril, com sessões sextas, às 20h; sábados, às 19h; e domingos, às 17h.
A montagem pretende mostrar a mulher que estava por trás de tantas plumas, paetês, polêmicas e lantejoulas. O centenário de Virgínia Lane, em 2020, foi a grande inspiração para a empreitada, que acabou sendo adiada pela pandemia e agora finalmente chega aos palcos.
Com realização da WB Produções, de Wesley Telles e Bruna Dornellas, o projeto foi idealizado pelo jornalista Cacau Hygino, que assina a dramaturgia ao lado de Renata Mizhari. A direção marca a estreia de Claudia Netto na função e a direção musical fica a cargo de Alfredo Del-Penho.
Em cena, Suely Franco interpreta Virgínia já em seus últimos anos de vida, enquanto prepara uma ceia de Natal com a filha única, Marta (Flávia Monteiro), e aguarda a chegada de um amigo. Ao longo do dia, ela relembra episódios que marcaram a sua trajetória, em cenas que divide com Bela Quadros, responsável por dar vida à Virgínia no auge de sua juventude.
São momentos em que a vedete precisou enfrentar a igreja para conseguir se casar no Outeiro da Glória após o veto de um padre, ou mesmo memórias divertidas de seus trabalhos na televisão, como apresentadora infantil, ou de suas turnês pelo Brasil e países vizinhos. Os números musicais intercalam e formam um elo entre as lembranças e o presente, na casa em que Virgínia viveu até o final da vida em Piraí (RJ).

Aparecem então canções como a famosa “Sassaricando”, gravada pela primeira vez por ela, em 1951, “Barracão” (da chanchada “É Fogo na Roupa”), “Ninguém me Controla” e muitas marchinhas de letras maliciosas e com o duplo sentido bem-humorado que a consagrou, como “Marcha da Pipoca”.
As atrizes vão cantar acompanhadas por três músicos, que também fazem algumas intervenções em cena.
O texto, de Renata e Hygino, também idealizador do projeto, teve como inspiração um encontro dele com Alex Palmeira, o amigo pelo qual Virgínia espera na noite de Natal.
“A Vedete do Brasil” é ainda um resgate e uma grande homenagem a todas as vedetes brasileiras, que, assim como Virgínia, conseguiram superar imensas dificuldades, se impor perante o olhar torto dos moralistas e viraram verdadeiras estrelas.
Teatro Faap – Rua Alagoas, 903, Higienópolis, São Paulo.