
Por Flávia Barbosa
E depois de praticamente cinco anos de espera e ansiedade ela chegou! Minha queridinha “True Detective” quarta temporada já está na HBO e esse fim de semana já vamos para o terceiro episódio. Ou seja, já estamos no meio do caminho, pois dessa vez foi decidido produzir somente seis episódios ao invés de oito como nas temporadas anteriores.
Oi? True quem? Como assim, gente? Já esqueceram de “True Detective”? Tudo bem que demoraram uma eternidade para lançar essa nova temporada, mas se você nunca ouviu falar sobre, precisamos remediar isso.
A primeira temporada estreou em 2014, e por mais que no começo quisessem resumir a história como sendo sobre dois policiais investigando um crime hediondo, essa não é simplesmente mais uma serie policial. Os diálogos são profundos, ricos e os personagens muito fortes, humanos. Não temos super-heróis aqui. Os personagens principais Rust (Matthew McConaughey) e Marty (Woody Harrelson) são pessoas com vidas, convicções e posturas tão diferentes que não tinha como não dar liga.
Rust, cínico e racional (apesar de ter insights misteriosos e inexplicáveis que surgem do nada), Marty o cara que se mostra o religioso homem de bem, pai de família (mas no fundo é só aparência). Várias linhas de tempo são utilizadas para mostrar a busca dos dois detetives por um serial killer – busca essa, que leva 17 anos.
O título da série é uma referência as histórias policiais, particularmente a uma revista pulp do século 20, chamada “True Detective”.
A música tema “Far From Any Road”, de The Handsome Family, dá a sensação de marasmo, mas também parece o prenuncio de que algo terrível pode acontecer a qualquer momento.
Rust: “Digo a você Marty, estive naquele quarto olhando pelas janelas pensando, é uma história. A mais antiga.”
Marty: “Qual?”
Rust: “Luz contra as trevas.”
Marty: “Bem, eu sei que não estamos no Alasca, mas me parece que a escuridão tem um território bem maior.”
Rust: “É, você está certo quanto a isso.”
(…)
Rust: “Está olhando para a questão de forma equivocada.”
Marty: “Como assim?”
Rust: “Bem, antes só havia trevas. Se me perguntar, a luz está ganhando.”
Esse importante dialogo, mostra como a primeira temporada está ligada a quarta, que se passa no Alasca, nas noites sem fim, no meio das trevas.
Bom, a segunda temporada, que foi linchada pelo público e crítica, confesso que não entendi muito bem. Talvez por fugir totalmente do estilo da primeira que foi tão bem aceita. Mesmo contando com um time de peso como Vince Vaughn, Colin Farrell e Rachel McAdams, não foi dessa vez. Creio que ficou um hiato ali.
Tentando se redimir, a terceira temporada estreou em 2019, com a mesma pegada da primeira: linhas de tempo, flasbacks e uma conexão com a primeira história. Conta com a brilhante atuação de Mahershala Ali.

E finalmente chega a tão esperada quarta temporada, que já diz a que veio desde o primeiro episódio. E acredite se quiser, já está sofrendo hate dos machos de plantão. Pois é, a primeira vez que a serie é dirigida, escrita e produzida por uma mulher, e com as duas protagonistas mulheres. Os “fanboys hardcore” da primeira temporada não aguentaram o show que estamos vendo a showrunner Issa Lópes, e as atrizes Jodie Foster e Kali Reis entregando. Mas, não adianta. Chega. É a nossa vez! O que a mexicana Issa Lopes faz? Traz duas personagens riquíssimas, uma o oposto da outra. Seguindo o exemplo da tão aclamada primeira temporada, as protagonistas têm suas falhas, defeitos, mágoas e traumas pessoais. Jodie Foster disse não estar tão animada com uma personagem assim, desde “ O Silêncio dos Inocentes”.
As duas detetives precisam desvendar o sumiço de um grupo de cientistas que mais tarde são encontrados em um bloco de gelo, no meio do nada, sem a menor explicação.
E para ajudar com o picolé de cadáveres a diretora contou com ninguém mais ninguém menos do que Guillermo del Toro, o mestre das criaturas complexas e terríveis.

Nesta temporada vamos conhecer a cidade de Ennis, no Alasca, onde todos os anos perto do Natal, ocorre o fenômeno chamado de “Longa noite”, pois ficam na total escuridão por várias semanas, o que torna o clima mais misterioso e sinistro. Voltando a falar de conexões com a primeira temporada, não vou dar spoilers. Vai lá, presta atenção porque já fica bem claro no segundo episódio.
E para terminar, não posso deixar de falar da trilha sonora, que já de cara chega com tudo na abertura. A trilha foi pensada muito bem para cada acontecimento da série. Um encaixe perfeito.
Ou seja, caros leitores, faça do seu domingo um dia de compromisso com a pipoca. Ou melhor, noite, pois os episódios são lançados todo domingo as 23:30. “For the night is dark and full of terrors. ” Sim, eu sei que essa frase vem de outra série muito querida e também considerada antológica, e gostaria de saber quem lembra! Mas cabe como uma luva para essa serie também.